O dinheiro compra a felicidade?

Hoje, enquanto estava no metrô de volta para casa, vindo da Paulista após uma consulta na dentista, uma pedinte entrou no vagão e implorou por dinheiro para alimentar as crianças; eram três meninas pequenas; uma na faixa dos três anos, a outra na dos cinco, a última não estava junto da mãe. Olhei para os lados, ninguém havia se movimentado, se comovido com a história da desafortunada mulher. Em vão esperei alguém tomar o primeiro passo. Rápidamente pensei em todos os motivos e consequências daquele ser para estar em estado tão deplorável. Lembrei das aulas de geografia, quando aprendemos sobre índices de analfabetismo, pobreza e taxa de natalidade; de sociologia, quando o professor explicou e abriu nossos - pelo menos os meus - olhos para a verdadeira carcaça humana, nojenta e repugnante em todos os aspectos, desde sua criação, e assim, poder de algum modo, lutar contra essa natureza devassa; de filosofia, quando o professor nos ensinou redes filosóficas, que nos ajudavam a compreender a humanidade. Lembrei de tudo em frações de segundos.

Não direi que meu coração doeu ou apertou, ou mesmo que senti nojo. Assim como todos, apenas me comovi. Fiquei triste em pensar que vivia em um país que possui tão grandes riquezas, mas que é governado com tão pouca inteligência. Eu sei que levará várias décadas para este país melhorar para chegar perto do nível europeu, mas qualquer ajuda, qualquer ato de bondade, mesmo que seja pequeno, para muitas pessoas, ja é muita.

Dei dois reais para a mulher. Era a única coisa que tinha na carteira. Ela me disse "Deus te abençoe e pague em dobro". Não acredito em Deus, apenas na existência da Terra, portanto, nossa mãe, mas isso não vem ao caso. A única coisa que esperei aquela hora, e que ainda espero, é que aquela mulher consiga algo para alimentar as crianças. Aquelas crianças não merecem passar por aquilo. Afinal, aquela mulher ja é praticamente uma alma perdida e nada mais espero dela, mas as crianças, elas sim são dignas de compaixão.


Agora pouco descobri na internet um show do Switchfoot que vai ter em São Paulo (capital e interior) e no Rio de Janeiro. Preciso de dinheiro para ir, e acho que meus pais dificilmente me deixarão ir - não por causa do dinheiro, mas porque fica longe de casa, e é um show, ou seja: drogas (sim, essa é a cabeça dos meus pais). Enquanto escrevo este post, reflito na situação em que vivo. Muitas vezes eu reclamei de ser pobre, mesmo sabendo das condições precárias e lastimáveis que meus pais viveram antes de conseguirem, com dificuldade, um emprego que miserávelmente sustentasse a família. Agora, penso eu, nasci em um berço, não de ouro, mas de prata, e que desde que nasci nunca me faltou nada, nem roupas, nem alimento, muito menos educação. Não fui privada, em pontos como esse, de nada. Possuo uma casa confortável, onde passo os dias de minha vida a resmungar a minha desditosa sorte. Sou romântica, não nego, mas de vez enquando o 'semancol' é tão forte que agente se pergunta " Por que raios eu sou assim?".

Bem...respondendo á pergunta do post, ela compra. Não adianta, ela compra sim, pois aquela mulher teria toda a felicidade do mundo se tivesse dinheiro para alimentar suas crianças e sair da miséria. Eu seria feliz com dinheiro, mesmo não possuindo família, porque eu possuiria amigos, e mesmo que não os possuísse, eu doaria para necessitados, o que me deixaria feliz - acho que estou me contradizendo...

Em todo caso, em minha opnião ele compra. Certamente, ele não compra sentimentos, mas satisfaz os desejos da carne, do corpo. Os sentimentos, bem...deixemos para outro assunto em outro post.

Este post é apenas, acho, para que você reflita. Faça uma boa-ação de vez enquando. Eu sei, o dinheiro pode faltar para você depois, mas para quem você doou seria muito pior se ele não tivesse aquela pequena quantia, que por algum tempo, pode ser sua salvação. Afinal, nós fazemos nossa parte, agora, depende apenas deles.

Uma música que combina com este post : Awakening - Switchfoot [para variar -rs]
:*