domingo, 17 de julho de 2011

Id.

Ao chorarmos não deixamos cair lágrimas de sangue, mas lágrimas da nossa própria alma.

sábado, 16 de julho de 2011

Ilusões

Quando eu era jovem
eu sonhava colorido
de diferentes tons de azul
até chegar ao negro mais bonito.

Imaginava cintilantes lágrimas de felicidade,
lágrimas onde brotam o calor do riso
folgado e presunçoso.
Sorrisos contagiantes,
cativantes em todo o seu esplendo juvenil.

Ilusão. Imaginação fértil de doce criança!
Vejo todos os dias o céu pincelado
com diferentes cores vivas,
e continuo morta.
Intacta em meu túmulo de sofrimento.

Um Inseto Negro de Podridão.

Sabe, é triste quando você descobre o mundo. Muito triste.

Fui criada em um castelo prateado, onde via apenas meu próprio reflexo. Não digo que vivi no luxo, mas também não vivi na pobreza. Eu tinha o que queria; o que podia ter. Eu era feliz em meu pequeno mundo de cristal.

Ao primeiro contato com o novo sol, naveguei por mares desconhecidos. Descobri a podridão. A tristeza. A amargura. O lado negro do mundo, que todos tentam mediocremente maquiar com pó de arroz e batom rosa queimado, de tom fosco e natural.

É triste. É sujo.


Quero voltar.

domingo, 10 de julho de 2011

Agente.

Se fosse realmente "a gente", não seria separado, e sim junto, formando agente. <3

A Rainha do Desespero

'A Rainha do Desespero' era como conheciam seu nome. Morava num formidável castelo de prata, nos confins das terras geladas do Norte. Era forte, temível, uma grande rainha. Sozinha. Mas quem ousaria quebrar o ciclo? Ela era uma rainha, descendente das Rainhas. Ela era a Rainha que arrancara o coração da própria mãe e a Rainha que amaldiçoara a alma da própria criança. Cuspira em seu destino. Desafiara as Moiras. Desafiara a complexidade do universo dos Deuses. Subestimara a própria vida. Ela era A Rainha.

A Aranha da Indiferença

Sou um ser vil. Vil e maldito. Ruim. A face da podridão. Tamanhas são as minhas maldades e malignidades que não cabem neste veículo ridiculamente franzino que é a escrita.


Sim, é aquela pobre criatura agonizante, sofrendo com suas feridas.Mi-nha pre-sa.Hahaha! Ora, como diverte-me! Vejo em seus olhos ainda um brilho cálido, e pelo arquear das sobrancelhas deduzo que ainda teima em pensar que pode viver. Hahahaha! Doida, doida a pobre criança! Alucina em seu próprio leito de morte! Hahaha!

E agora eu a envolvo com meu detalhado tecido de pano, minha renda delicada, o seu frágil corpo. Docilmente cedendo aos encantos cuidadosos de minhas garras, rende-se completamente. Haha!

Cérebro doce e descartável. Carne macia e impura. Bah! São apenas diversão enquanto morrem.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ciúme

Ciúme, s. m. Zelos amorosos; inveja; receio de perder o objeto amado. ci.ú.me

BUENO, Silveira.  Minidicionário da Língua Portuguesa. Ed. FTD, 2001. p.170

A Presença do Divino

     Eram várias, muitas. Se mais próximas, uma verdadeira legião romana.
     Estavam todas concentradas em suas árduas tarefas, não percebiam o perigo que corriam; e se perceberam, não ligaram.
     Eram fortes e destemidas e, acima de tudo, obedientes. Óh, que belas operárias! Pena terem uma morte tão precoce.
     Assim como veio a noite, veio o dia, mais rápido que um raio. Clareou-se tudo e então começou a batalha. A batalha contra o invisível.
     Mares hediondos e ardilosos as puxavam para se afogarem em suas atormentadas águas. Era frio, congelante. Agora lutavam contra dois inimigos: o inimigo invisível e a água.
     Deuses perversos! Como tiveram a ousadia de fazer aquilo? Sanguinários! Sem coração! Malditos impiedosos! Horrívelmente pavorosos!
     O exército sucumbiu em três longos minutos, apenas. Algumas morreram de frio - e a maioria morreu arrastada para dentro da boca dos deuses, afogando-se ao penetrar nas entranhas marinhas ou a caminho delas, durante a queda dos precipícios.
     Sem sobreviventes. Apenas dois ou três corpos que restaram intactos, sem mutilações do inimigo.
     Mas espere! Há ainda uma chance! Ele sobreviveu! Tentará a abençoada sorte e ousará desafiar os deuses! Pobre coitado, sempre soube de seu destino, e agora o está trilhando!
     Lutou.
     Resistiu.
     Morreu.

    Pobres formigas.