quinta-feira, 7 de julho de 2011

A Presença do Divino

     Eram várias, muitas. Se mais próximas, uma verdadeira legião romana.
     Estavam todas concentradas em suas árduas tarefas, não percebiam o perigo que corriam; e se perceberam, não ligaram.
     Eram fortes e destemidas e, acima de tudo, obedientes. Óh, que belas operárias! Pena terem uma morte tão precoce.
     Assim como veio a noite, veio o dia, mais rápido que um raio. Clareou-se tudo e então começou a batalha. A batalha contra o invisível.
     Mares hediondos e ardilosos as puxavam para se afogarem em suas atormentadas águas. Era frio, congelante. Agora lutavam contra dois inimigos: o inimigo invisível e a água.
     Deuses perversos! Como tiveram a ousadia de fazer aquilo? Sanguinários! Sem coração! Malditos impiedosos! Horrívelmente pavorosos!
     O exército sucumbiu em três longos minutos, apenas. Algumas morreram de frio - e a maioria morreu arrastada para dentro da boca dos deuses, afogando-se ao penetrar nas entranhas marinhas ou a caminho delas, durante a queda dos precipícios.
     Sem sobreviventes. Apenas dois ou três corpos que restaram intactos, sem mutilações do inimigo.
     Mas espere! Há ainda uma chance! Ele sobreviveu! Tentará a abençoada sorte e ousará desafiar os deuses! Pobre coitado, sempre soube de seu destino, e agora o está trilhando!
     Lutou.
     Resistiu.
     Morreu.

    Pobres formigas.

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