terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Nuca da Gazela

 Cachimbo. Um bom e velho cachimbo para relaxar numa prosa com velhos compadres. Um cachimbo para rir, para pensar nostalgia, para respirar fumaça, para devanear...
 Uma rapariga. Bela criança. Filha de uns vizinhos das redondezas - quitandeiros. Católicos fervorosos, boa gente. A menina também, uma doçura, um carisma sem igual...exceto que não chama atenção. Pobre coitada. Imagino como laçará marido...sem dote nem culote...sem beleza.
 Baforada.
 "Boa tarde, seu Clô"
 "Boa tarde, menina"
 Pegou os cabelos e jogou-os para trás, para deixar o pescoço a mostra.
 Era isso! As madeixas esconderam tamanha beleza!; secretamente velada sob os fios espessos para apenas minha luxuriosa pessoa apreciá-la. Nuca graciosa!
 Até me engasgo.
 Como não pude eu notar tamanha beleza em tão esplendoroso ser? Longo como o pescoço de um cisne, delicado como o mais belo salto de ballet e forte como o revoar de pássaros selvagens. Como não pude antes perceber?!
 O movimento singelo de seus ombros fez novamente seus cabelos debruçarem-se sobre seu jovial colo. Perco a visão com ditosos deslumbres criativos pessoais.
 "Está bem, meu velho amigo?"
 Tusso com novo engasgo, ainda entre devaneios.
 "Claro, apenas um cisne na minha palha".


A nuca da gazela

Desenhei seguindo esses pensamentos soltos que tive hoje (sim, por favor, créditos a mim).
Depois eu coloco marca d'água para não roubarem.../hm

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